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Saúde Mental: um direito de todos?

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Mais um ano se inicia nos levando a um balanço geral de como foi o ano que passou. Reavaliamos aquilo que desejamos conquistar/melhorar dentre o percurso de 365 dias. Entretanto, dentre as metas que traçamos a inclusão do cuidado da saúde mental ainda tem pouco espaço na lista de prioridades estabelecida e, afinal, por que isso acontece?

Por muitos anos a saúde mental foi vista como algo de gente “louca” e/ou “esquisita”, incapazes de conviver em sociedade, portanto segredadas em manicômios e hospitais psiquiátricos. A visão hospitalocêntrica do processo saúde-doença embasou medidas extremistas em prol da cura de doenças psiquiátricas, o que favoreceu ainda mais a criação de rótulos e ideias preconceituosas. Atualmente, mesmo com a ampliação do conhecimento na área, os estigmas permanecem em falas como: “Isso é frescura, logo passa”, o que retarda ainda mais a busca por ajuda profissional adequada.

Com a reforma psiquiátrica no Brasil, nos anos 70, os olhares para as práticas em saúde acompanharam as propostas dos “movimentos sanitários”, que preconizavam o fim dos hospitais psiquiátricos e o direito dos pacientes a uma saúde coletiva e biopsicossocial (BRASIL, 2005). O objetivo era que ações dos profissionais fossem além da cura e voltadas para os aspectos saudáveis e as potencialidades dos pacientes, bem como, para os fatores determinantes que se relacionam com o adoecimento mental, a fim de medidas preventivas e promocionais de saúde.

A partir de então, as ações de saúde mental ganharam espaço na Atenção Básica de saúde, inserindo a comunidade neste contexto de forma mais direta tanto para receber o tratamento/encaminhamento adequado, quanto para auxiliar na elaboração de estratégias para a abordagem de problemas vinculados à violência, ao abuso de álcool e outras drogas, as estratégias para redução de danos, o fomento de ações para a diminuição da segregação pela loucura e combate ao estigma, e o desenvolvimento de ações de mobilização dos recursos comunitários para a reabilitação psicossocial, garantindo que a saúde mental seja um direito a todos (BRASIL, 2005).

Com a expansão desses conceitos, doenças como depressão, transtornos de ansiedade, transtornos alimentares, etc, passaram a ser queixas mais frequentes nas últimas décadas. A pressão de uma sociedade materialista e de valores líquidos, somada á dificuldade em lidar com frustrações e limites, contribuem significativamente para o desequilíbrio emocional. Muitas vezes os sintomas apresentam-se de forma tão intensa que rapidamente a pessoa se vê perdida e em crise, recorrendo á medidas extremas e imediatistas para suportar a dor emocional.

Pensando nisso, um grupo de psicólogos mineiros, inspirados na “Campanha Outubro Rosa” que tem como principal objetivo a prevenção do Câncer de Mama, se organizou no ano de 2014 e desenvolveu a “Campanha Janeiro Branco” para criar um alerta á população sobre a importância da nossa Saúde Mental. Segundo o grupo, no século XXI o suicídio tem sido uma opção como nunca vista antes na história assim como, o uso de medicamentos psiquiátricos é cada vez maior, afetando crianças, adultos e idosos (ABRAHÃO e col., 2014).

Dessa forma é possível concluir que a saúde mental é um direito de todos sim e que falar sobre o tema é extremamente urgente e importante. Que ao longo do ano possamos priorizar nossa saúde mental e estender a mão para o sofrimento daqueles que estão ao nosso redor.

Referências:

ABRAHÃO, L. e col. Campanha Janeiro Branco: por que “Janeiro” e por que a cor “branca”? Uberlândia. 2014. Disponível em <https://janeirobranco.com.br/campanha-janeiro-branco-por-que-janeiro-e-por-que-a-cor-branca/>. Acesso em: 23 janeiro 2020.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental : 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005.

 

Débora Chiararia de Oliveira

Graduação em Psicologia pela Universidade de Marília (2013). Mestrado em Ciências, com área de concentração em Processos de Distúrbios da Comunicação, pelo Programa de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo (FOB/USP) (2019). Especialização em Saúde Auditiva pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Auditiva do Hospital de Reabilitação e Anomalias Craniofaciais pela Universidade de São Paulo (HRAC/USP) (2017). Aprimoramento em Psicologia Hospitalar pela Faculdade de Medicina de Marília (2015).

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