centro de treinamento e
capacitação em saúde

Parada Cardiorrespiratória e Suporte Básico de Vida

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on email
BLOG

   A parada cardiorrespiratória (PCR) é a interrupção súbita da respiração e da circulação sanguínea, culminando em perda da consciência¹.

   A PCR é uma emergência cardiovascular de alta prevalência e com alta taxa de morbidade e mortalidade. No ambiente extra-hospitalar cerca de 80 % dos casos de PCR ocorrem nos ritmos de fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular (TV), sendo que há possibilidade de bons índices de sucesso na reversão caso sejam tratados rapidamente e adequadamente. Para cada minuto transcorrido após o início da PCR sem atendimento perde-se 7 a 10% de chance de retorno da circulação espontânea².

    Neste contexto é de suma importância o acesso público aos desfibriladores externos automáticos (DEA) propiciando a desfibrilação precoce em até 3 a 5 minutos do início da PCR, o que pode elevar o aumento da taxa de sobrevivência em até 50 a 70% ².

    No ambiente intra- hospitalar, entretanto, os principais ritmos de PCR são a atividade elétrica sem pulso (AESP) e a assistolia, que possuem pior prognóstico e taxa de sobrevida inferiores a 17% ².

   O Suporte Básico de Vida (SBV) tem como principal objetivo propiciar o atendimento imediato às vítimas de PCR aumentando as chances de sobrevivência. O SBV consiste no rápido reconhecimento da PCR e acionamento rápido do Serviço Médico de Emergência, realização das compressões torácicas de alta qualidade e uso do DEA o quanto antes possível³.

   O rápido reconhecimento da PCR e o acionamento do Serviço Médico de Emergência é imprescindível para o bom desfecho da PCR. Profissionais de saúde e pessoas leigas devem estar preparados para reconhecer os sinais da emergência.

   Os sinais de uma vítima de PCR são ausência de consciência, ausência de respiração e ausência de pulso. Profissionais de saúde devem se certificar da ausência desses três achados para confirmarem o diagnóstico. Entretanto, pessoas leigas não são orientadas a investigar pulso dada a dificuldade da técnica e ao fato de poderem se confundir durante a avaliação. Sendo assim, leigos devem reconhecer uma vítima de PCR apenas pela ausência de consciência e ausência de respiração e tão logo identifiquem a emergência devem acionar o Serviço Médico de Emergência e iniciarem as compressões torácicas.

   As compressões torácicas de qualidade são garantidas por meio de força e rapidez durante as compressões, devendo-se aprofundar o tórax de uma vítima adulta entre 5 e 6 cm e manter uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto. Além disso, garantir a qualidade das compressões depende também do retorno total do tórax entre uma compressão e outra e em minimizar as interrupções das compressões².

   A cada dois minutos de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) deve-se trocar o socorrista que executa as compressões torácicas afim de evitar a exaustão e garantir a qualidade das compressões³.

   As ventilações devem ser realizadas por meio de dispositivos de barreira e somente após 30 compressões, são realizadas duas ventilações de 01 segundo cada, suficientes para promover a elevação do tórax. O cuidado para não realizar hiperventilação deve ser constante, uma vez que a hiperventilação diminui o retorno venoso e consequentemente o débito cardíaco e aumenta as chances de distensão gástrica, vômitos e broncoaspiração ² ³. 

   Assim que disponível o DEA deve ser a prioridade do atendimento e deve instalado com rapidez. O socorrista deve solicitar que as vítimas se afastem e não toquem na vítima durante a análise do ritmo. Após a análise do ritmo cardíaco, sendo este uma fibrilação ventricular ou uma taquicardia ventricular sem pulso o DEA indicará o choque. A luz que se ascende no aparelho indica que o aparelho está carregado e pronto para deflagrar o choque. O socorrista deve ter o cuidado de solicitar novamente que as pessoas se afastem antes de acionar o botão do choque afim de evitar possíveis acidentes² ³. 

    É importante saber que a cada dois minutos o DEA solicitará que a RCP seja interrompida para que uma nova análise do ritmo cardíaco seja realizada, sendo o ritmo passível de choque, o DEA será carregado novamente para que um novo choque seja deflagrado. Se o ritmo não for passível de choque o DEA contraindicará o choque e a RCP deverá ser iniciada imediatamente.

   O atendimento perdura até o retorno da circulação espontânea ou até que o Serviço Médico de Emergência assuma o caso.

Referências Bibliográficas

  1. Luciano PM, Matsuno AK, Moreira RSL, Schmidt A, Pazin Filho A. Suporte básico de vida. Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. 2010 ; 20( 2): 230-238.
  • Bernoche C, Timerman S, Polastri TF, Giannetti NS, Siqueira AWS, Piscopo A et al. Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019. Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663
  • American Heart Association- Guidelines CPR ECC 2015. Destaques das diretrizes da American Heart Association 2015 para RCP e ACE. AHA, 2015.
Sidnei Seganfredo Silva

Enfermeiro graduado pela Universidade Estadual de Londrina, especialista em Enfermagem em Cardiologia pelo Centro Universitário São Camilo, Mestrando em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), instrutor dos cursos de Primeiros Socorros, Suporte Básico de Vida e Suporte Avançado de Vida em Cardiologia Pela American Heart Association.

MENU